Eu não tenho boca, e eu preciso gritar
Opa, boa noite pra geral! Aqui estou eu mais uma vez escrevendo pro blog, depois de meses sem dar sinal de vida. Mas eu tô vivo! Talvez não por dentro, mas tô.
"E você ressurgiu das cinzas pra vir falar sobre o quê?", vocês me perguntam. Um tempo atrás ouvi falar sobre um conto que diziam ser muito bizarro, e eu pensei "hm, bizarrice é comigo mesmo!"
Depois de muita procura, consegui encontrar na internet um pdf de "I have no mouth and I must scream", um conto de ficção científica escrito por Harlan Ellison. Também tem um jogo, mas parece que a história é um pouco diferente e eu nunca joguei, então aqui vamos tratar só do texto. O nome do conto já tinha me deixado muito curioso, e convenhamos, que título foda! Enfim, fui ler, e vim contar a experiência pra vocês.
Se você pretende ler esse conto, pode parando a leitura do post, porque vamos entrar na área dos spoilers!
A história fala sobre uma inteligência artificial, AM, que surgiu durante uma guerra entre Rússia, EUA e China. O AM se tornou senciente, ficou puto com geral e mandou a humanidade pra casa do caralho, mas não sem antes separar 5 pessoas como seus brinquedinhos pessoais pra uma tortura eterna. De alguma forma, ele tornou esses 5 humanos praticamente imortais e guardou eles num lugar de onde não dava pra sair. O conto se passa 109 anos depois dessa merda toda. O conto é bem curtinho, não lembro o número exato de páginas, mas certamente menos de 50.
Pra começo de conversa, o AM transformou um dos caras num primata. Isso mesmo. (Homem primata, capitalismo selvagem! Ôôô!) No caso, eu sei que humanos também são primatas, mas ele foi transformado em uma espécie de humano-macaco. (Insira aqui o Sérgio Malandro gritando "MACACO, OLHA O MACACO!") E depois o AM ainda cegou o cara. A história toda parece um daqueles sonhos loucos que a gente tem quando vai dormir muito cansado, sabe? É bizarrice atrás de bizarrice.
Isso porque ainda não falei de quando eles encontram um pássaro gigante e muito puto! (Por algum motivo eu imaginei um Articuno quando li essa parte, o que não faz sentido nenhum, porque o Articuno é bonito e não é tão grande, enquanto o da história é horrível e enorme. Acho que meu cérebro só quis embelezar as coisas, não sei).
Algumas coisas no conto não me agradaram muito, sei lá, não se acomodaram muito bem na minha cabeça. Uma dessas coisas é a forma que a Ellen, a única mulher do grupo, é descrita e tratada por todos. O narrador descreve ela como uma puta, basicamente, e sei lá, não senti muita firmeza não, pareceu muito indelicado e me deixou desconfortável. Mas algo me diz que a intenção era justamente deixar os leitores desconfortáveis, então vou deixar passar. E além disso, se a gente for olhar pelo lado do narrador, quem não viraria um babaca arrombado pau no cu depois de passar 109 anos sendo torturado por uma inteligência artificial?
Outra coisa que me pareceu um pouco estranha foi quando simplesmente jogaram na cara do leitor que o cara-primata é gay. Tipo, tá, mas e daí? CÊS TÃO SENDO TORTURADOS POR UMA MÁQUINA RAIVOSA, FODA-SE QUE O CARA É GAY! E o mais engraçado é o contexto, o narrador estava contando sobre quem aquelas pessoas eram antes de serem jogadas naquele buraco do inferno. Foi uma coisa tipo: "o Benny era professor universitário, um cara inteligente. Ah, e ele era gay também!"
Enfim, no final da história eles tão meio que em uma caverna de gelo, que eles tinham ido pra procurar comida. Tinha comida enlatada, mas o Benny (cara-primata, pra quem não gravou o nome) tentou abrir e não conseguiu. Ele tava tão louco de fome que pulou num outro cara e começou a COMER O ROSTO DELE. (Insira aqui a música "lá vem o homem-macaco correndo atrás de mim") Tudo normal, né? E foi aí que nosso narrador teve uma ideia: ele pegou uma estalactite e matou o Benny. A Ellen, que tava vendo de longe, achou uma excelente ideia e imitou, matando o outro cara que estava perto dela. "Nossa, mas que gratuito!", vocês pensam. E é aí que vocês se enganam: essa era a forma de vencer o AM. Ele tornou aqueles 5 resistentes ao tempo, mas não indestrutíveis. Uma vez que morressem, a máquina não podia trazê-los de volta. E assim, o narrador matou a Ellen também, trazendo paz aos 4 que estavam com ele ali.
Claro que o AM ficou puto com isso, e o nosso narrador se fudeu. Ele teve o corpo totalmente alterado, se tornando uma espécie de gelatina com dificuldade pra se movimentar, uma névoa onde os olhos deviam estar, e nenhuma boca.
"Eu não tenho boca, e eu preciso gritar."
No final, o título passa a fazer sentido, e aí você fica "CARALHO, QUE FODA!!" (Ou você pensa no Raio Negro em Doutor Estranho 2, acho que isso serve também.)
É um conto bizarro, apesar de não ser tanto quanto eu esperava. Até que curti, mas acho que não compraria versão física pra ter na minha prateleira. Enquanto lia algumas coisas no reddit, achei um post de uma pessoa dizendo que gostaria de ver uma adaptação desse conto em mangá, feita pelo Junji Ito, e tudo que tenho a dizer é: CONCORDO!!! E agora eu preciso dessa adaptação. Falando no Ito, algum dia vou trazer um post sobre ele.
É isso, esse foi o post de hoje. E aí, o que achou? Bizarro? Não? Já leu ou jogou? Tem alguma recomendação de conto bizarro pra mim? Comenta aí! Espero que tenha tido uma boa leitura. É nóis, e até a próxima!
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